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domingo, 2 de novembro de 2008

Obrigada, sim!

Luanda me ensinou tolerância. Nela também reaprendi a agradecer. Mas não foi só isso. É demasiado indizível enumerar as lições dali. Nem eu mesma sei direito. Enquanto retomo, aos poucos, a rotina no Brasil, as circunstâncias me mostram esta outra que nasceu da experiência maravilhosa como expatriada em África. Não fui à Europa, não explorei o continente africano, não fiz o turismo que toda a gente sonha quando vive assim, mas, sinceramente, acho que realizei mais. Por que as minhas viagens foram essencialmente internas. E é por isso que estou aqui neste blog, a postar esta despedida. A postar, porque é português angolano, bem próximo de Portugal.

E, com o perdão do trocadilho, porque apostar foi que mais fiz neste 2008 de luz.

Não dá para deixar Angola sem me despedir de cada pessoinha que me foi cara nesses longos 10 meses e 26 dias. Sem mencionar as quartas do vinho nas Ingombotas, as excursões pelo litoral da Lunda Sul com P. e J., a viagem a Benguela, os jantares nos restaurantes chineses e as divertidas sextas-feiras no Danadão... Jamais esquecerei tanto brazucas quanto angolanos que me deram lições de solidariedade. E até mesmo os que me fizeram ver, com a sua infelicidade diária, o quanto possuo riquezas aqui em Itapuã.

Neste sítio abençoado pelos deuses de São Salvador, há o pássaro que nos acorda todos os dias, sempre a cantar. Há um rebento pedindo mãe nos últimos suspiros da infância perdida e um companheiro parceirão. Sem falar nas bençãos diárias dos céus, que me fazem a pessoa mais feliz do mundo. Foi por essas e outras que, mesmo sem ter planejado nada, acabei ficando por aqui, assim meio de susto, sem muito rigor ao botar na ponta do lápis como será a vida em reais . Por que aqui, dólar é coisa de gringo, algo que, definitivamente, nunca fui.

Enfim, este post é para agradecer. Por que, em Angola, no idioma nacional, quando nos dão bom dia, vem de brinde um "obrigado" e um "como foi a noite", numa reverência de amigo-irmão. Por que em Luanda a gente aprende que estar junto não é apenas uma expressão fria e que bom dia não é um cumprimento formal. Que a cor da pele importa, sim, mas quando o passado e a história estão tão proximos que não conseguimos separar o joio do trigo. Afora isso, somos mesmo povos irmãos. Au revoir, Angola. Obrigada, sim! Obrigada, irmãos! Um dia eu volto.

3 comentários:

Anônimo disse...

Continuo seguindo com interesse o seu blog!
Cumprimentos.

F. disse...

então você tem um blog e nunca contou nada!?!?! não acredito... bjs e boa sorte na nova vida. logo sou eu a aparecer por aí também.

Teka disse...

ops! fui descoberta!rsrs obrigada, sim! boa sorte aí tb. bjo