Quem sou eu

Minha foto
Balzaquiana aguerrida, razoavelmente satisfeita com as escolhas de agora.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Meu outro retrato


Curuzu. Liberdade. Salvador. Bahia. 1971

"(...) e eu não quero desnudar a minha alma diante de olhos frívolos e curiosos. Não porei meu coração sob esse microscópio. Há muito de mim neste retrato (...) Há demais!"
(Oscar Wilde)

Jamais me acostumarei às perdas. Especialmente àquelas inevitáveis. E então, sempre que alguém parte, de maneira prematura, para o outro plano, sinto-me assim meio perdida, melancólica. As lágrimas não me costumam vir com a notícia. Vêm-me depois, na solidão das minhas angústias. Uma perda que talvez nem seja tão minha me faz chorar todas as outras, desde a primeira, da qual a referência é aquele buraco indescritível. "As pedras do caminho deixe para trás/Esqueça os mortos que eles não levantam mais", diz-me Zé Geraldo, na voz de Gal Costa. Mas a minha parca leitura de Sócrates, Platão e Kardec sobre a imortalidade da alma é incapaz de curar essa memória dolorida da eterna ausência...Enfim, o bom disso tudo é que, quando acontece (quase sempre é assim), me ponho a repensar o que tenho feito de mim...

Então, quando vi no blog da menina que se foi, as dicas sobre como viver bem, percebo que ainda não aprendi aquelas liçõeszinhas básicas. Precisei de África para fazer esse caminho. O de apreciar as pequenas coisas. O da volta a mim mesma. "Juro que não serei mais workaholic", recito, milhões de vezes, implorando aos céus para nunca mais sentir a pressão no peito típica do velho estresse. É quando o filmete dos meus anos me vem à mente. E então, penso: "sobrevivi"...Aliás, estou vi-ven-do-ooo. Aos trancos e barrancos, me reconduzo, aos poucos a uma identidade nova, que sempre esteve aqui, mas afogada nas minhas certezas. Estereótipos, preconceitos, apegos...

Voltei à dúvida, a que me leva a um outro retrato. Nesta novidade que é a minh'alma de agora, estou mais clean. Repleta de novas experiências solitárias, que incluem, principalmente, uma releitura desta ancestralidade mestiça, brasileira, feita de negros, brancos e índios. Um pai branco, uma mãe mulata...Avós e bisavós negros. Uma tia-bisavó índia, retirada da tribo nos tenros anos da juventude. Enfim, o Brasil está em mim e, agora, o retrato amplia-se para quem tiver paciência de me re-conhecer...

Nenhum comentário: